Paróquia Sagrado Coração de Jesus - Diocese de Santos

Histórico do Santuário do Sagrado Coração de Jesus da Cidade de Santos

1. Introdução do Apostolado da Oração

Tudo começou com Dona Mariana Rosina que já se encontrava na cidade de Santos em julho de 1886. Instalada no convento, com a autorização do Provincial dos Franciscanos, Frei João do Amor Divino, que havia lhe permitido lá morar junto com suas companheiras até que lhe aprouvesse. Dona Mariana Hamberger, já aos 46 anos de idade, iniciara em Santos uma nova e última etapa de sua vida. Levava uma vida espiritual muito intensa, guardando aquela preciosa tradição espiritual que aprendera com a Madre Fundadora.

Devota do Sagrado Coração de Jesus, logo começou a transmitir essa devoção às pessoas de sua intimidade e às crianças de sua escola. O Sagrado Coração de Jesus lhe reservava uma especial missão em Santos. 

Pelo fim de 1886, o Sr. João Alfaya recebeu a visita de um amigo do Rio de Janeiro, um ex-colega do seminário Episcopal de São Paulo, o Dr. Saladino Figueira de Aguiar, também devoto do Sagrado Coração de Jesus.

O Dr. Saladino havia conhecido Dona Mariana quando era Diretora da Escola Doméstica em Petrópolis; quis, então visitá-la e dirigiram-se ao colégio. Contando ao Dr. Saladino como ela estava difundindo a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, na cidade de Santos, ele a perguntou porque ela não havia convidado o Alfaya para fundarem em Santos o Apostolado da Oração?" Ao que ela respondeu:

- "Sr. Dr.! O Padre Taddei, que é o Geral do Apostolado no Brasil, não quis me autorizar a fundar o Apostolado, declarando que a cidade de Santos era hereje, porque os carroceiros, quando desembarcava algum sacerdote, davam vaias na rua e o insultavam".

Interveio o Sr. Alfaya dizendo:

- "A senhora Dona Mariana fez mal em não ter-me há mais tempo feito este aviso, porque o Padre Taddei é meu amigo e de minha família. Quando ele veio da Europa, trouxe uma carta de recomendação para meu pai, hospedou-se sempre em nossa casa e é nosso amigo. Estou certo de que, se lhe escrever uma carta neste sentido, ele não recusará a permissão para, com a senhora fundarmos nesta cidade o Apostolado".

O Dr. Saladino, Animando-se, disse:

- "Se você, Alfaya, conseguir isto, eu desde já, me comprometo a mandar vir de Paris a imagem do Sagrado Coração de Jesus e lha oferecerei para a instalação do Apostolado".

O Sr. Alfaya por sua vez escreveu ao Padre Taddei que residia em Itu, São Paulo. Cuja resposta foi: se o Sr. Alfaya desse todo apoio à Dona Mariana, mandaria a autorização para fundar o Apostolado e ele mesmo viria a Santos para esta cerimônia. Dona Mariana e o Sr. Alfaya ficaram, por isto, entusiasmados. O empreendimento exigia muita coragem, pois o ambiente era de frieza e aversão à religião. A assistência a missa era quase nula. A maior parte se confessava somente em preparação ao casamento.

Ajudada pelo Sr. Alfaya, Dona Mariana foi o instrumento escolhido por Deus para fazer reviver a religião católica em Santos. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus por ela introduzida e as práticas religiosas que a acompanhavam baniram de Santos o indiferentismo religioso.

Inicialmente providenciaram a escolha dos primeiros Zeladores sendo eles os Senhores, Comendador Alfaya Rodrigues Júnior, Dr. Soter de Araújo, Capitão Antonio Martins Fontes, Daniel Ferreira, Capitão Antonio Militão de Azevedo e Fernando José de Morais. Quase todos eles eram membros da Venerável Ordem Terceira da Penitência. Mais as Zeladoras, Dona Clara Luiza Kaiser, Dona Amélia Rosa da Silva, Dona Maria Carolina Haitchen, Dona Emília Maria de Oliveira e Dona Lilia Botelho Ferreira.

Tendo o Sr. Alfaya comunicado ao Padre Taddei a formação deste primeiro grupo de Zeladores, veio ele a Santos, hospedando-se na casa do mesmo Sr. Alfaya. À noite, fizeram uma sessão no Convento de Santo Antonio e, estando presentes todos os Zeladores e Zeladoras, foi oficialmente instalado o Apostolado do Sagrado Coração de Jesus em Santos.

2. Chegada da Imagem a Santos

IMAGEM-CORACAO-JESUSO Sr. Alfaya apressou-se em comunicar ao Dr. Saladino a instalação oficial do Apostolado. Este, então cumpriu a promessa: mandou vir de Paris a estátua do Sagrado Coração de Jesus, em tamanho natural e esculpida em madeira. Doou-a à Dona Mariana que a colocou na igreja do convento, sobre uma mesinha, ao lado do púlpito. Dois dias depois, a 08 de junho de 1888, festa do Sagrado Coração de Jesus, o Padre Taddei benzia a imagem. Dona Mariana introduziu, então, a devoção das nove primeiras sextas-feiras, providenciando para que neste dia viesse um padre para celebrar a missa. Vinha geralmente o Padre Taddei ou outro de Itu. Na véspera, faziam a Hora Santa.

 

Em agosto de 1889, dona Mariana cedeu a imagem do Sagrado Coração à Igreja de Santo Antonio, sob a condição de ficar sendo ela a zeladora perpétua da imagem, poder mandar celebrar à dita imagem as festividades que quisesse, fazer leilões de prendas, dando apenas aviso à venerável Ordem, guardar todas as alfaias e ornamentos da imagem.

Pouco mais tarde, a imagem foi colocada perto da balaustrada. A 27 de outubro de 1895, foi bento o novo altar para imagem, oferecido pelo Comissário Monte Carmelo.

3. Construção do Santuário

Dona Mariana sentindo-se, empolgada por uma idéia grandiosa: construir uma capela própria para o Sagrado Coração de Jesus. Começou a fazer a maior economia possível e, com ela, comprou um terreno junto ao edifício da Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio, perto da atual Catedral. O Sr. João Alfaya, porém, fez-lhe ver que melhor seria construir uma igreja, pois, com o tempo, o Apostolado cresceria. O Padre Taddei foi do mesmo parecer. Ela vendeu, então o terreno a fim de auxiliar na construção da Igreja. Decidiram comprar um terreno que era propriedade do Sr. Manoel Augusto Alfaya Rodrigues e esposa, situado na atual rua da Constituição, onde esteve erguido o Santuário até quando precisou ser demolido, devido à explosão do gasômetro de Santos. 

O Sr. João Alfaya propôs este local que, naquela época, ficava fora da cidade, precisamente porque, no centro, já havia várias igrejas. Além disto, a cidade ia estendendo-se, de preferência, para este lado. Achou, porém, forte oposição por parte da maioria que o queria no centro. Mandaram vir, então, o Padre Taddei que, tendo examinado o local, achou-o bom, dizendo que o Santuário devia ser construído para o futuro e não para o presente.

3.1 Aquisição do terreno

historia1O proprietário do terreno, porém, pedia doze contos de reis e o Apostolado tinha em caixa apenas sete. Os opositores, então, concordaram, convencidos de que, antes que fossem angariados os cinco contos que faltavam, as opiniões mudariam a favor da igreja no centro da cidade. O proprietário, porém, apresentou uma solução inesperada: vendia o terreno por doze contos de reis, sete dos quais seriam pagos logo, ficando os cinco contos de reis restantes, como donativo dos 5 membros de sua família ao Santuário. Vendo nisto a voz da Providência, deram-se todos, com grande entusiasmo, aos preparativos da colocação da pedra fundamental.. 

O Sr. João Alfaya conseguiu que os Engenheiros da Companhia Docas, seus amigos, fizessem gratuitamente a planta do novo templo. Dona Mariana e o Sr. Alfaya foram nomeados chefes da comissão para a construção do Santuário.

Em 1896, Pe. Taddei benzeu a primeira pedra da Igreja que seria erigida em honra do Sagrado Coração de Jesus, que foi transladada em 3 de julho de 1897 para o terreno da esquina da rua Constituição e Henrique Porchat. A 5 de novembro desse mesmo ano, as obras tiveram início, com a presença de cerca de 300 pessoas, entre elas o jesuíta Pe. André Biagioni e elementos da elite santista.

A 25 de outubro de 1902 estava inaugurado o Santuário Coração de Jesus e, em 1905, D. José de Camargo Barros, bispo diocesano de São Paulo, doava a igreja aos jesuítas. Outras remodelações foram feitas no templo enriquecendo-o. Dom Duarte Leopoldo e Silva compareceu, em 3 de julho de 1916, para a inauguração de alguns melhoramentos.

A construção do Santuário suscitou remarcado florescimento da religiosidade à cidade de Santos.

3.2 O Santuário: sua fundação e sua demolição

historia2Em 1905, o Padre Jesuíta Bartolomeu Taddei fundou a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, inaugurada pelo Bispo de São Paulo, D. José de Camargo Barros – nesta época Santos não constituía uma diocese autônoma. 

Com características arquitetônicas da época, o Santuário do Sagrado Coração de Jesus era uma das atrações turísticas da cidade. Possuía em seu interior famosas Telas e Quadros a óleo, em suas paredes internas, pinturas de Benedito Calixto, além de inscrições laqueadas em ouro, e uma imagem do Sagrado Coração de Jesus trazida de Paris pelo Dr. Saladino Figueira de Aguiar no ano de 1888.

historia3O Santuário que situava na rua da Constituição, n.º 306, Centro de Santos, ao lado do Colégio Santista, teve suas estruturas seriamente abalada pela explosão do Gasômetro - Serviços de Eletricidade e Gás – situado na rua Marechal Pego Junior, ocorrida no dia 09 de janeiro de 1967, sendo demolido neste mesmo ano, em face do estado precário em que se encontrava e depois de uma longa e minuciosa vistoria feita por engenheiros municipais e posteriormente pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, onde foi concluída a falta de segurança e que qualquer obra de reforço implicaria na destruição quase total da edificação existente, sendo impossível restaurar as obras artísticas que revestiam a edificação.
historia4Sua demolição em fins de 1967 foi de grande perda para os católicos e para a cidade de Santos, visto que o Santuário representava um patrimônio religioso e artístico-cultural. Na época os Padres da comunidade foram alojados na Congregação Mariana de Operários, entidade mantida pela Igreja Coração de Jesus, em quatro cômodos que serviu de santuário e de moradia do padre superior João da Silva Passos, do padre auxiliar Geraldo Dutra e do Irmão Beneditino Favero.
Os objetos sem utilidade para a igreja foram doados a paróquias mais pobres. Outros foram vendidos e o dinheiro revertido para a ampliação do local onde se encontravam instalados os Padres Passos, Geraldo e Favero. Os castiçais, quadros e antiguidades foram vendidos, assim como o órgão, os vitrais, os sinos (o maior com o peso de 1.500 quilos e o menor com 300) e o mármore que revestia as paredes.
Pouca coisa foi aproveitada pela nova igreja, por ser de Arquitetura moderna não comportava as mesmas imagens, com exceção da Imagem do Sagrado Coração de Jesus. Vale ressaltar que a Imagem permaneceu guardada na Sociedade São Vicente de Paulo no período compreendido entre a citada demolição e o início das atividades no novo templo onde se encontra intacta do abalo sofrido pela explosão do Gasômetro.

4. O Novo Templo

O antigo Santuário, beleza unida a tradição, dirigido pelos padres jesuítas, com grande freqüência de fiéis e refúgio dos alunos do Colégio Santista, foi transferido para o local atual na Av. Bartolomeu de Gusmão, 114, devido a tragédia do gasômetro. Tudo acabou como um grande sonho. Hoje o terreno onde era o Santuário faz parte do Colégio Santista.

A cidade perdeu um dos mais belos templos religiosos. E assim a Diocese de Santos escolheu um terreno ao lado do Instituto Dona Escolástica Rosa, para construir a nova igreja e dar a cidade uma nova paróquia.
Escolhido o local para a construção do novo Santuário, situado na Av. Bartolomeu de Gusmão, 114/115, na Aparecida – Santos, com as dimensões ideais para a obra, o terreno da nova igreja foi adquirido com o dinheiro recebido da empresa proprietária do Gasômetro e teve suas obras iniciadas em 1971.
Aos nove de junho de 1972, em cerimônia realizada na Capela Dom Bosco no Escolástica Rosa, em Santos, Diocese de Santos, elevada a Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, em presença de Sua Excelência Reverendíssima o Sr. Dom David Picão, Digníssimo Bispo Diocesano, dando execução ao que dispunha o decreto de 29 de setembro de 1971, n.º 26/17, livro D, do protocolo da Cúria Diocesana, foi lido publicamente aos fiéis o referido Decreto de Criação, da Nova Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Santos, desmembrada das Paróquias de Santo Antonio do Embaré e de Nossa Senhora da Aparecida, área compreendida entre os canais 5 e 6, Av. Bartolomeu de Gusmão e Rua Arabutan, onde está o Conjunto Habitacional Humberto Castelo Branco – BNH.
Neste mesmo dia tomou posse o primeiro pároco o Revmo. Pe. João da Silva Passos, nomeado por provisão no dia 24 de março de 1972..

historia5Projeto arquitetônico de Enzo Gambini, o Novo Templo de arquitetura moderna e arrojada tem características próprias como amplitude, comportando maior número de fiéis e maior visão do altar, que foi criado com o objetivo de possibilitar uma reconstituição dos sermões de Cristo em meio ao povo. O projeto foi executado com muito sacrifício, sendo necessário permanente campanha para a arrecadação de fundos, como quermesse, apelos feito à sociedade divulgado pelo jornal local e a Campanha do Quilo de Ferro que foi divulgada através de listas distribuídas entre equipes que faziam parte dos movimentos comunitários da paróquia. Através da "Campanha do Ferro" o Conselho Paroquial pretendia conseguir o acabamento da estrutura, e logo após começaria a parte final da construção.
O Novo Templo funcionou na Capela Dom Bosco no Instituto Dona Escolástica Rosa durante o período de construção do novo templo, sempre dependente de campanhas para suprir a falta de verbas.
As obras estavam previstas para serem concluídas até o final de 1977 o que não aconteceu. O templo construído com linhas arrojadas e constituindo, na época, o maior vão livre em concreto da cidade (superando até mesmo o teatro do Centro de Cultura), teve sua inauguração oficial realizada em novembro de 1974, passando a funcionar na parte inferior da construção, destinada ao salão paroquial e departamento de expediente normal. Mesmo inacabado (apenas com o andar térreo concluído) o novo santuário promovia normalmente suas atividades, iniciadas em 1974. O primeiro Conselho Paroquial foi formado em novembro de 1975. Dividido em vários grupos de trabalho, que tratavam da construção da igreja, da promoção social, da catequese, dos cursos de noivos, batismo, dízimo, liturgia e cantos, e outras atribuições necessárias. Na época integravam também à paróquia vários grupos de jovens. As missas eram realizadas aos sábados às 17h30 e 19h, e no domingo 08h, 18h e 19h, ainda na parte térrea da igreja, em obras, funcionava a secretaria paroquial.

historia6Foi muito importante o apoio dos moradores da Ponta da Praia, e dos fiéis que freqüentavam o antigo santuário que fora demolido como já vimos anteriormente. Graças à força de vontade de todos foi possível construir o novo Santuário. Assim quando se ergueu o primeiro Santuário na Rua da Constituição na época de Dona Mariana Rosina e o Sr. Alfaya, este também exigiu empenho e perseverança de todos aqueles que estavam engajados na sua construção.

Fonte: Jornal A Tribuna de Santos; Documentário de Pe. Otávio Cirillo Bortoluzzi


PÁROCOS

Padre Bartolomeu Tadei, SJ (Iniciou a construção da Igreja em Santos)
Padre José Danti, SJ
Padre José Visconti, SJ
Padre Ângelo Contessoto, SJ
Padre Celestino.SJ
Padre Carlos Dopler,SJ
Padre Valentim Rozman, SJ
Padre Santo Armelin, SJ
Padre Francisco de Assis Rocha, SJ
Padre Agostinho Mendicuti,SJ
Padre João Trachta, SJ
Padre José Achótegui, SJ
Padre Lauro Trajano Lopes - SJ
Padre João da Silva Passos, SJ
Padre Gealdo Dutra, SJ
Padre Milton Paulo de Lacerda, SJ
Padre José Henrique Calvão, SJ
Padre Paulo José de Souza, SJ
Padre Joaquim Ximenes Coutinho
Monsenhor Primo Neves da Mota Vieira
Monsenhor Nelson de Paula
Padre Antonio Alberto Finotti
Padre Vagner de Souza Argolo